terça-feira, 27 de maio de 2014

Chavões e meninices

Cada época tem seus modismos e um dos que mais dão realce são os chavões. No entanto, os chavões ficam cansativos e extenuantes quando são ouvidos quase que ininterruptamente.
Infelizmente, alguns arraiais cristãos têm sido invadidos por cansativos, insistentes e  abusivos: "diga para o seu irmão"; "cutuca o teu irmão"; "levante a mão direita"; "repita comigo"; "ponha a mão no ombro do teu irmão"; "segura na mão da pessoa que está do seu lado"; "dê glória a Deus aaa ggg ooo rrr aaa", e não podia faltar o "profetiza para o teu irmão"; "estou sentindo Deus neste lugar", e isto muitas vezes em tom ameaçador e até expondo as pessoas que não querem participar desses inconvenientes que chamam de dinâmica ou de  "quebra gelo".
Pois bem, não bastasse, acrescentaram um ousado chavão que é bem pessoal: "eu sou profeta". Aqui a questão é dizer a primeira vez a referida frase, pois daí para a frente aqueles a quem chamam bondosamente de "pregadores" vão abusar e muito do "eu sou profeta". Aliás, é pregador ou profeta que faz uso da palavra naquele momento? Muitas e muitas vezes o  chavão "eu sou profeta" é dito também em tom ameaçador, dedo em riste encarando o auditório com jeito irônico e pedante que parece  dizer: "Alguém tem dúvida do que estou dizendo?", ou "alguém se atreveria discordar do eu sou profeta?"

Ora, uma leitura simples do texto bíblico que alude especificamente aos profetas do Senhor no Antigo e Novo Testamentos deixa claro que ninguém se ufanava em dizer "EU SOU PROFETA", pelo contrário, a partir do momento em que seus ministérios tornavam-se autenticados por Deus e conhecidos do povo, das autoridades eclesiásticas e civis, o preço da cobrança, da integridade, do compromisso com a verdade do Senhor e com o Senhor da verdade seriam inegociáveis em toda a esfera de atuação do homem e mulher de Deus chamados a serem profetas. Os verdadeiros profetas do Senhor, não se autointitulavam e nem se autointitulam como muitos tragicamente têm feito e de maneira descabida.

O assunto é muito sério, e acrescente-se os chavões ditos em cansativas dosagens do "eu sou profeta". Aqui fica claro que Deus tem seus profetas e  não cessaram os dons espirituais (Atos 2.39; 1 Co 12. 1-31; 1 Co 14; Rm 12. 6-8; Ef 4. 11,12).
A questão aludida de chavões e meninices na liturgia é porque caracteriza desordem, abusos e exageros como ocorria na igreja de Coríntio e não de se proibir a manifestação do Espírito Santo de Deus assunto enfatizado pelo  apóstolo Paulo: "Não apagueis o Espírito" e "Não desprezeis as profecias" (1Ts 5.19,20).
 A alusão da Bíblia aos profetas do Senhor mostra que no uso da mensagem que recebiam pelo Espírito de Deus era comum a expressão: "Assim diz o Senhor", mas podia ser que um falso profeta também usasse a mesma expressão o que sem dúvida traria confusão, então uma das  provas mais contundentes é fornecida pela Bíblia em Jeremias 28. 9: "O profeta que profetizar paz, só ao cumprir-se a sua palavra, será reconhecido como profeta, de fato, enviado do Senhor".
Outro exemplo do papel nefasto de falsos profetas é o tipo de armação maligna que fizeram contra Neemias, quando resistiu à chamada de uma reunião cuja tarefa era atrasar e dificultar a construção dos muros de Jerusalém (Ne 6.10-14).
Reiterado fica que não havendo profecia o povo se corrompe, mas é preciso discernimento de Deus para se saber o que é a verdadeira e inconfundível profecia e o que é chantagem emocional.
O Diabo  em seu incansável serviço não poupará esforços para confundir e semear o joio no meio do trigo não só com falsas profecias mas com falsas pregações que terão aparência de eloqüência, mas que será menos que palha (Mt 13.25,39).
É bem notório que coisas falsas não são apenas as que envolvem profecias e profetas, mas falsos pastores, falsos obreiros, falsos cantores, falsos sermões, falsos cultos, falsos crentes, falsas músicas que não têm teologia e inspiração, e como há pirataria na praça.
A madeira pura é muito cara e está muito escassa, mas o MDF é mais acessível e quando bem trabalhado nem se percebe que é apenas pó do pó do que  um dia foi madeira, e nem por isso o preço é menor.
Os chavões em si, não caracterizam falso ensino, mas meninices, imaturidade cristã, abuso e falta de preparo.
O Pr. Antonio Gilberto, consultor doutrinário da Casa Publicadora das Assembléias de Deus (CPAD), com o discernimento que lhe é peculiar chama tais práticas de "excentrismo, que é injetar nossos hábitos nos cânticos e pregações".
Se há falta do dom de discernir espíritos, que se ponha em prática o bom senso, a ordem, a disciplina e muitos desmandos e contrassenso serão evitados.
 Que Deus em Cristo Jesus a todos abençoe agora e no dia da eternidade.

Pr. Josué Ribeiro da Costa. Aprendiz de Teologia.

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