sábado, 7 de março de 2009

santificação e verdade

Santifica-os na verdade; a tua Palavra é a verdade (Evangelho de João 17.17).

 

Retomamos a idéia do primeiro artigo desse blog onde nos propusemos considerar alguns fatos importantes no estudo da Palavra de Deus.

A Bíblia é um livro de alcance universal. Sua leitura é feita portanto por um grande número de pessoas, mas sabemos que entre a leitura e a devida compreensão uma série de obstáculos devem ser vencidos. Não vai aqui à sugestão de ser a Bíblia um livro inalcançável ou de dificílimo entendimento. Pelo contrário, a acessibilidade à sua leitura prova-se na sua tradução em mais de 2400 línguas. O elementar e necessário para se conhecer a Deus, e aceitar-se a Jesus Cristo como Salvador pessoal e Senhor, a Bíblia tem e está entre as doutrinas mais acessíveis. "Nunca é demais frisar que o tema central da Bíblia é Cristo. O desígnio geral da Bíblia é a redenção do homem e seu bem geral. Já o seu fim último é a glória de Deus (Apocalipse 4.11), daí a indicação para que se faça inicialmente o estudo das Escrituras pelo método sintético cuja finalidade é o estudo geral de cada livro antes de cuidar de sua interpretação. No trato e leitura da Palavra de Deus, é preciso saber portanto primeiramente o que a Bíblia diz, para então procurar saber o que significa" ( Manual do CAPED, p 67. Edições CPAD).A Bíblia refere-se a uma vastidão de assuntos e o faz com autoridade e peculiaridade, no entanto o assunto mais abrangente e de maior importância é a pessoa de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. Aqui ressalte-se que só Jesus pode salvar o homem caído e destituído da glória de Deus. A isto chama-se mensagem Cristocêntrica, aliás diga-se de passagem que em todos os livros da Bíblia há referências a pessoa  de Cristo.

Verdade e santidade não só percorre as páginas da Bíblia, mas são exigidas daqueles que desejam aprofundar-se em seu conhecimento. O texto em alusão insere-se na conhecida oração sacerdotal proferida por Jesus quase ao final de seu ministério terreno.

"Santifica-os na verdade a tua palavra é a verdade". A santidade é atributo intrínseco do Senhor Deus (Levíticos 11.45; 19.2; 1 Pedro 1.16; Hebreus 12.14). O apóstolo Pedro em sua primeira carta capítulo 1 e versículo 15 diz:"Pelo contrário, segundo é santo aquele que vos chamou, tornai-vos santos também vós mesmos em todo o vosso procedimento". O entendimento, a intimidade com a Bíblia só se aperfeiçoará a medida que o leitor ou estudante tiver este desejo em sua vida interior e exterior. Pode-se até fazer a leitura mecânica e intelectual da Bíblia, mas nesse caso, ela será apenas mais um livro. No texto acima há uma expressão rica: "...tornai-vos santos vós mesmos em todo o vosso procedimento". Ora, como conciliar uma vida desregrada, contumaz, de afrontas aos princípios morais e espirituais que Deus exige daqueles que Dele se aproxima à leitura, compreensão e dedicado estudo da Bíblia?

Em considerações sem maiores delongas a santificação refere-se ao processo, ao caminho que se percorre para se ter maior pureza, maior grau de separação para melhor uso de Deus. A santidade é o estado. É o fim maior e objetivo.

O conceito de santidade na Bíblia envolve separação para melhor servir a Deus. Esta separação não é traduzida por nenhum legalismo do tipo : afastar-se do convívio social  e tornar-se eremita alegando que irá pecar  menos  pois não verá tanta sensualidade ou não será induzido ao mal com tanta facilidade. Jesus em palavras claras nos diz que o que contamina o homem não é o que entra, mas o que sai, porque o que sai procede do coração. No mesmo texto Jesus elenca algumas coisas nocivas procedentes de um coração impuro e contaminado pelo pecado tais como maus desígnios, homicídios, adultérios, prostituição, furtos, falsos testemunhos, blasfêmias ( Evangelho de Mateus 15.17-20). Aos que desejarem mais informações sobre as regras áureas para uma vida de pureza, e logicamente atenderem um estágio mais avançado de santidade dentro dos padrões divinos devem atentamente ler do capítulo cinco ao sete do Evangelho de São Mateus. Pode-se acrescentar a carta do apóstolo Paulo aos Gálatas em seu quinto capítulo, versículos 16 ao 25. É evidente que outros textos estão disponíveis na Palavra de Deus, mas os indicados podem ser motivo de profundo estudo e meditação se vistos em um contexto de seriedade  e anelo pelas coisas de Deus.

O binômio santidade e verdade é de uma expressividade que palavras sempre serão devedoras à profundidade do que Jesus disse. Não pode haver santidade sem padrões de verdade. Não pode existir verdade sem padrões elevadíssimos de santidade. A verdade na Bíblia é absolutamente absoluta, que desculpem a redundância! Os ataques mais incisivos à Palavra de Deus são justamente para descaracterizá-la como a Palavra da verdade, o Livro da verdade. O que a Bíblia fala sobre a verdade é verdade e será verdade por toda a eternidade. O princípio do sim, sim e não, não da Palavra de Deus é imutável pelo que louvamos a Deus por sua santa e bendita Palavra. "Seja, porém, a tua palavra: Sim, sim; não, não. O que disto passar vem do maligno" ( Evangelho de Mateus 5.37).

 

"Santifica-os na verdade, a tua palavra é a verdade".

Que é a verdade? É uma pergunta muita antiga e por muitas vezes ela tem sido repetida e não sabemos por quanto tempo ainda o será. No último encontro que Pilatos teve com Jesus, a pergunta é feita ao Mestre, no entanto de maneira cínica e superficial, quando na verdade a resposta seria dada a contento se Pilatos estivesse realmente interessado em saber o que é a verdade, pois ali estava a verdade personificada em Cristo.

Um mentiroso pode ser muito engenhoso no que diz, e aparenta ser, no entanto, com uma investigação acurada e isenta a verdade deve se manifestar, mesmo sabendo que inúmeras vezes é a fraude que tem mascarado a verdade e por meios diversos conseguido burlar aos nossos anseios mais puros pela manifestação da verdade. Agora fazer uma verdade transforma-se em mentira não é nada menos que cinismo frio e calculista.Isto tentaram desaforadamente fazer em um ambiente de aparente religiosidade onde reuniram-se políticos e grupos macomunados a desacreditarem  Jesus, implicando dizer que Ele era um mentiroso e impostor, portanto sem nenhum compromisso com a verdade. Quando Jesus é levado a Pilatos com todas as acusações e difamações que lhe foram impostas nada o atingira. Não se vê Jesus autodefendo-se. Ele, o Senhor foi condenado à revelia, atesta a História, não bastasse o relato transparente da Bíblia nos Evangelhos. Sobre a verdade Jesus falou muitas vezes: "Eu sou o caminho, a verdade, e a vida; ninguém vem ao Pai senão por mim"(João 14.6).

"Então, lhe disse Pilatos: Logo, tu és rei? Respondeu Jesus: Tu dizes que sou rei. Eu para isso nasci e para isso vim ao mundo, a fim de dar testemunho da verdade. Todo aquele que é da verdade ouve a minha voz"( João 18.37). Há muitos versículos corroborando não só que Jesus falava a verdade, mas que é a verdade. Apenas mais um testemunho sobre a relação de Jesus com a verdade registrada no Evangelho de João:"E o Verbo se fez carne e habitou entre nós, cheio de graça  e verdade, e vimos a sua glória, glória como do unigênito do Pai"(João 1.14). O conceito de verdade para Jesus era mais que uma peça de retórica muito usada pelos filósofos. A verdade na perspectiva do Mestre não pode ser abalada pelo relativismo nem pela proposta que ocorre em muitos círculos, de se fazer uma releitura da Bíblia que nada mais é que uma metáfora para adaptar-se a Palavra de Deus aos usos e costumes modernos, isto é, que nada seja condenado por ela e seu fiel escrutínio. A experiência de se deixar o homem sem padrões de moralidade, sem noção de certo e errado não tem dado certo e nem dará. A Bíblia não existe para adaptar-se as baixas exigências das pessoas, ou aquelas que aparentemente evoquem algum aspecto positivo, mas para ser a verdade, falar a verdade. Praticar a verdade.

 

Considere-se alguns fatos sobre a verdade na perspectiva da Palavra de Deus.

 

 

  1. "Conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará"(João 8.32).

O versículo ora citado  refere-se à condenação frontal que Jesus fez sobre a malignidade do pecado. Jesus considera o pecado como um senhor implacável que não tem nenhum escrúpulo em usar suas pesadas garras sobre as pessoas. Aqui Jesus sem nenhuma discriminação principalmente por estar falando a um grupo de judeus esclarece que a cada pessoa se oferece a oportunidade de continuar escravo do pecado ou aceitar o Filho de Deus, Jesus como o único capaz de quebrar a mordaça imposta pelo pecado. Por vezes a mensagem sobre o caráter destruidor e nefando do pecado tem sido mascarada, ocultada para não se dizer "esquecida", tendo em vista que muitos  auditórios estão querendo ouvir o que lhes agrada. Todo aquele que não aceitou a Jesus como salvador pessoal e senhor de sua vida está sob os efeitos nocivos e destruidores do pecado. O pecador sem a remissão feita pelo sangue de Jesus está em um circulo vicioso e interminável: Cometer pecado porque é escravo do pecado, e porque é escravo do pecado cometer pecado. "Em verdade, em verdade vos digo: Todo o que comete pecado é escravo do pecado"( João 8.34). Que outras verdades no mundo poderão comparar-se à verdade que só Jesus tem e pode oferecer intransigentemente para libertar o ser humano da escravidão do pecado? Reiterando o que já foi dito, Jesus é a verdade personificada de Deus.

  1. A verdade da Bíblia é atualíssima.

Os avanços nos mais diversos campos do saber sucedem-se e multiplicam-se vertiginosamente, no entanto não têm o poder de alterarem o conceito inalienável de verdade na e da Bíblia. Descobre-se que essa é uma  verdade perene e irredutível. É uma verdade que sobrepõe-se e sobrevive ao tempo e as descobertas por mais estupendas que sejam.

São muitas as contribuições científicas e não se pode negá-las. Mas quantos postulados mais recentes descobrem e denunciam falhas e desvios anteriores em verdades supostamente certas. Enquanto isso, a verdade bíblica impõe-se porque é a verdade de Deus e de seu santo livro e não é a toa que uns dos nomes da Bíblia é a Palavra de Deus.

Não seria demais lembrar o domínio de Deus sobre as nações quando o profeta Daniel é chamado à corte babilônica para relembrar o sonho esquecido do rei e também decifrá-lo. Tal narrativa pareceria brincadeira não soubéssemos da seriedade da Bíblia Sagrada. O profeta por meio da revelação divina antevê a existência de quatro impérios mundiais. O Deus da verdade a quem Daniel servia revela o futuro. Dá detalhes que apenas um Deus Criador e onisciente poderia dar. Assim fala o texto sagrado: "Respondeu Daniel na presença do rei e disse: o segredo que o rei requer, nem sábios, nem astrólogos, nem magos, nem adivinhos o podem descobrir ao rei; mas há um Deus nos céus, o qual revela os segredos; Ele, pois, fez saber ao rei Nabucodonozor o que há de ser no fim dos dias; o teu sonho e as visões da tua cabeça são estas" (Daniel 2.27,28). Que se calem os gurus de plantão mundo afora diante da exatidão da Palavra de Deus.

  1. A verdade da Bíblia existe por si mesma.

Com outras palavras: É uma verdade que não precisa de aparatos de duvidosa origem. Não se presta a conluios, reuniões secretas ou qualquer outro tipo de artifício para se manter como a verdade. Por inúmeras vezes essa verdade tem sido manchada, vilipendiada, achincalhada e distorcida, mas continua a verdade de Deus.  A verdade do Seu livro – A Bíblia. A verdade que enfim liberta.

  1. A verdade da Bíblia antepõe-se, centraliza-se e coloca-se à retaguarda de qualquer outra verdade sem ficar nada a dever.

 

Dizer que tão magnífico assunto foi concluído seria uma pobre pretensão, mas fica evidente que a leitura proveitosa e saudável da Bíblia só terá um avanço benéfico e duradouro quando em nenhum momento forem esquecidos esses dois grandes faróis: o da santificação e o da verdade.

Seria oportuna a citação:"Segui a paz e a santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor"( Carta aos Hebreus 12.11).

 

Deus em Cristo, na unção de seu Espírito Santo a todos abençoe agora e na eternidade.