terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Quem está livre de ser açoitado por uma tragédia?

Sim, quem está livre de tragédias? E essa pergunta acompanha muitas outras. A partir delas seguem-se as mais variadas explicações e, não bastasse, surgem também muitas especulações que acabam confundindo além de inúmeras vezes não trazerem nenhum consolo ou mesmo conforto.

A madrugada do último dia 27/01/2013 foi marcada por uma tragédia que contabilizou vários mortos e feridos em uma casa de show na cidade de Santa Maria, no Rio Grande do Sul. Aqui acautelo-me para não ser mais um especulador de plantão e o texto que segue-se estará alinhado, na medida do possível, com a Palavra de Deus.

Há uma tendência generalizada de se constatar que a morte é um fato apenas em momentos de tragédia. No entanto, a Bíblia Sagrada mostra também que a vida é fugaz, é passageira, é uma flor, é um sopro. O escritor do Salmo 90. 10 assim expressa seu pensamento: "Os dias da nossa vida sobem a setenta anos ou, em havendo vigor, a oitenta; neste caso o melhor deles é canseira e enfado porque tudo passa rapidamente, e nós voamos". 

A fragilidade da existência humana é a companhia do recém-nascido ao ancião. Do que desfruta plenas condições de locomoção física e individual ao que encontra-se em situação vegetativa ou terminal em um leito. Se há vantagens elas são apenas aparentes. A vida é passageira para qualquer um de nós.

E sobre as especulações que surgem em momentos de agonia, tristeza, luto e dor aparecem as que classificam a morte de alguém simplesmente pela evasiva: "Era tão jovem!" ou "Ah! Viveu muito!". A primeira evasiva tenta dizer que jovem não poderia morrer. A segunda soa como um ato de concordância; isto é, velho tem de morrer.

Há ainda mais uma evasiva e essa muito temerária, a de se considerar uma tragédia como castigo divino. 
A Bìblia Sagrada fala do castigo divino sobre nações e indivíduos. Em combinação também refere-se à lei da semeadura, onde tudo o que o homem semear, isto colherá. Contudo, os especuladores sem nem um pouco de bom senso esquecem que do mesmo modo como morre o que não tem compromisso com Deus, com Sua Palavra e Seu Reino, falecem os que tem uma vida reta diante do Senhor e muitos desses servos fiéis padecem com enfermidades em leitos, cadeira de rodas, carecendo de ajuda constante de familiares e pessoas habilitadas para tal.

Dois textos não poderiam aqui ser esquecidos. O primeiro lembra que o lado material deve existir, caracterizado pela luta pela sobrevivência, mas que não é tudo, que não é o fim em si mesmo. Em uma parábola contada por Jesus um homem bem sucedido ao final de uma colheita constata que está mais rico que antes. Mais que eufórico ele fala consigo que é preciso a construção de novos paióis (depósitos, celeiros) e acrescenta que sua alma está bem amparada e não deve temer nada. Aliás, para quê pensar na morte em momento tão auspicioso? E é possível que se alguma pessoa fizesse ao homem a pergunta que Deus naquele momento lhe fez, não fosse bem aceita. "Mas Deus lhe disse: Louco, esta noite te pedirão a tua alma; e o que tens preparado, para quem será?". A narrativa bíblica encontra-se no evangelho de Lucas 12.16-21.

O outro texto encontra-se registrado no evangelho de João 9.1-3 e poderia servir mesmo aos que não estão interessados na ajuda, mas na especulação vil e barata. "...Mestre, quem pecou, este ou seus pais, para que nascesse cego?".

A resposta de Jesus é muito abrangente e repleta de ensino a quem gosta de perguntar já tendo a resposta. O agravante é que os especuladores na maioria das vezes têm respostas rápidas, erradas e muito simples para casos tão complexos.

Que Deus, por meio da Bíblia Sagrada, de Seu amado Filho Jesus e da ação consoladora do Espírito Santo - que a tudo prescruta - possa confortar e amparar aos que sofrem a perda de seus queridos, aos que amargam o esquecimento de uma visita amiga e aos que sofrem os resultados de enfermidades ainda não curadas ou incuráveis.

Que o Senhor a todos abençoe agora e no dia da eternidade.



Pr. Josué Ribeiro da Costa
Aprendiz de Teologia