quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Uma sugestão

Com os mais variados argumentos, muitas igrejas evangélicas têm inserido na liturgia cultos com temas, que segundo dizem, atraem o povo, a massa, os interessados em movimento, em bençãos, etc. O que segue-se,  é  apenas uma amostra, um ensaio.

Na segunda-feira, o culto da vitória. Na terça, o culto da prosperidade. Na quarta, o culto de libertação. Na quinta, o culto dos empresários. Na sexta, o culto das causas impossíveis. No sabádo, o culto da família. No domingo, um culto de louvorzão.

Com certeza, deve existir outros tipos de culto e reuniões diversas que podem ser sugeridos, mas como tem ocorrido uma temerária falta de pregação e ensino da Palavra de Deus na maioria dos referidos cultos, e por se ver tantos crentes raquíticos espiritualmente, sugiro um culto que se ensine sobre caráter cristão, testemunho de vida, consagração, amor e apego a Bíblia, anelo crescente pela volta de Jesus para arrebatar sua igreja. Que se ensine sobre elevados padrões de moralidade e espiritualidade, não apenas a membresia, mas à liderança. Que os referidos mensageiros, responsáveis pela pregação e ensino da Bíblia, tenham coerência entre o falar na e da tribuna, com a vida cotidiana.

Reconhecemos agradecidos, que em muitas igrejas exista a preocupação com o que será ministrado. Que também exista uma  incessante busca por parte da liderança pela sabia orientação do Espírito Santo de Deus. Que exista seriedade na condução de seus respectivos cultos. No entanto, é lamentável também reconhecer, que noutros lugares, haja uma espécie de maquiagem que dura apenas na hora do culto. 

Se não houver o sistemático ensino da Palavra de Deus, o povo se corrompe, implicando em falta de compromisso, de seriedade, de quebrantamento.
Como nos dias de Esdras e Neemias almejamos por um reavivamento consistente baseado em princípios bíblicos. (1º) A leitura e explicação da Lei do Senhor que para muitos hodiernamente, seriam quase exaustivas (Neemias 8. 1 - 9); (2º) O arrependimento e confissão de pecados (Neemias 9).

Que Deus em Cristo Jesus, a todos  abençoe agora e na eternidade.

Pr. Josué Ribeiro da Costa. Aprendiz de Teologia.
  

sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Uma avaliação de nossa existência

"E este perguntou: - Qual a sua idade?Jacó respondeu: - Já estou com 130 anos de idade e sempre tenho andado de um lado para outro. A minha vida tem passado rapidamente, e muitos anos foram difíceis. E eu não tenho conseguido viver tanto quanto os meus antepassados, que tiveram uma vida tão dura como a que eu tive" (Gênesis 47. 8, 9, NTLH).

Nossa existência deve ser composta de tempo (quantidade), e de conteúdo (qualidade). As palavras do patriarca Jacó exprimem exatamente esses dois fatores tão importantes e que devem gerar por parte de cada pessoa uma sincera avaliação. É interessante que Faraó pergunta a idade e Jacó desabafa, abre seu coração e expõe com poucas palavras o muito que dele sabemos quando ainda era o rapaz sedentário vivendo com o pai e a mãe. Aqui são bem vindas as palavras do rei Salomão que também teve uma vida bem agitada de altos e baixos, e em  um pouco de suas memórias ele escreve: "Lembre de seu Criador enquanto você ainda é jovem, antes que venham os dias maus e cheguem os anos em que você dirá: "Não tenho mais prazer na vida" (Eclesiastes 12.1).

A vida oferece prioridades, avanços, conquistas, derrotas e vitórias. Cada qual tem o enredo de sua existência. Algumas vezes o próprio dinamismo da vida faz com que sobre certos fatos não tenhamos controle, estão além de nosso alcance, no entanto na maior parte do trajeto Deus permite e concede o livre arbítrio que é o poder de decidir. Os que pensam diferente são levados às raias do fatalismo. 

Jacó tem 130 anos de vida, mas se pudesse voltar no tempo e espaço talvez não usasse de uma ação sagaz para apropriar-se da primogenitura de Esaú. De ter usado  meios fraudulentos, mesmo que devidamente orientado pela própria mãe para apropriar-se da benção que seria do irmão mais velho. Foragido em Harã onde reside com o tio Labão também um enganador, Jacó descobre e colhe os frutos da semeadura.   Se irônico ou não, estava tudo entre família. "Aquilo que o homem semear, isso também ceifará" (Gálatas 6.7).  foi dito com  muita maestria que: "Mais importante que acrescentar dias à sua vida, é acrescentar vida aos seus dias". Não deve ser esquecido o triste episódio no qual os dez filhos em conluio enganam Jacó quanto ao paradeiro de José. A verdade viria às claras anos depois.

Em avaliação pessoal, é possível que Jacó tenha vasculhado seus anos de vida e feito um inventário, descobrindo que viveu ladeado pelo escapismo e  ativismo, fatos que têm sido a prática de muitas pessoas que na verdade mascaram questões intra-pessoais, familiares e particulares não resolvidas devidamente. A pessoa usa um tipo de cortina para esconder-se, mas até quando? O escapismo é caracterizado " pela fuga e evasão. É o alívio ou a distração mental de obrigações ou realidades desagradáveis recorrendo a devaneios e imaginações", por outro lado, o ativismo é demonstrado pela intensa, exagerada e desproporcional atividade. Não há tempo para Deus, para a meditação na santa e bendita Palavra,  para a família. Por inúmeras vezes não se entende que a ordem das prioridades é (1) Deus; (2) Família e (3) Igreja.

Alguns fatos a serem refletidos sobre a vida de Jacó.

  • Na edição Almeida Revista e Atualizada (ARA), no mesmo texto acima Jacó expressa-se: "os dias dos anos das minhas peregrinações são 130 anos". Teria ele escolhido ou teria sido jogado em tais peregrinações? Quem seriam os culpados? Faltou orientação? Ou as orientações foram erradas? Na metáfora do Novo Testamento,  a vida cristã é uma peregrinação, mas parece que o patriarca quer dizer que suas peregrinações poderiam ter sido mais amenas se ele mesmo não tivesse produzido tantos percalços para si;
  • e continua: "poucos e maus foram os anos da minha vida". Jacó deve ter na lembrança que fora próspero, mas sem qualidade de vida. Ele está arcado pelos anos de existência e deixa a lição que não é apenas "anos de vida", mas de conteúdo, ideais, perspectivas e qualidade. Mais tarde o sacro escritor pergunta: "Louco, esta noite te pedirão a tua alma; e o que tens guardado, para quem será"? (Lucas 12.20);
  • Nessa perspectiva o salmista suplica: "Ensina-nos a contar nossos dias, para que alcancemos coração sábio" (Salmos 90.12);
  • Jacó é a figura do crente carnal que aprende às duras penas, preferindo  transigir com o mundo. Nos conflitos esse tipo de crente confia mais em si do que em Deus. Deseja as bençãos por meios ilícitos e para consegui-las não mede as consequências;
  • "E não chegaram aos dias dos anos da vida de meus pais, nos dias de suas peregrinações". Jacó ainda viveu 17 anos, mas em sua avaliação, tanto o avô Abraão, quanto seu pai Isaque, mesmo em suas peregrinações e deslizes que cometeram tiveram um saldo mais positivo e que ele Jacó, lamentava ter ficado distante e insiste que teve longevidade, mas sem a devida qualidade;
  • Nota digna de registro é que Jacó aquilata as adversidades sofridas, tristezas, trapassas que aplicou, imaturidade associada a desejos sagazes, mas não culpa a terceiros. Não se diz vítima ou perseguido de quem quer que seja;
  • Louvamos a Deus pela transparência e imparcialidade de Sua Palavra em não esconder as fraquezas, pecados e deslizes de seus personagens. O cronista bíblico registrou o depoimento de Jacó, apenas um versículo, mas de uma profundidade eterna. Jacó aparece na galeria dos heróis da fé, na epístola aos Hebreus.
Deus a todos abençoe agora e na eternidade.

Pr. Josué Ribeiro da Costa. Aprendiz de Teologia.