terça-feira, 6 de outubro de 2009

O vinho nos tempos do Antigo Testamento [Parte I]



INTRODUÇÃO

Foi aventada na última postagem entre as possibilidades, a de um artigo que falasse sobre o que a Bíblia diz sobre o vinho, seja ele o fermentado (o que leva à embriaguez), o suco da uva assim como o respectivo uso e considerações que a Palavra de Deus faz sobre o assunto.

Tendo em vista o assunto em pauta fazer parte de alguns artigos da Bíblia de Estudo Pentecostal (Edições CPAD) e pela forma pertinente como alí aparece, segue a transcrição em sua íntegra, o que será feita em partes por serem matérias longas.





O VINHO NOS TEMPOS DO ANTIGO TESTAMENTO

Números 6.3 "de vinho e de bebida forte se apartará; vinagre de vinho ou vinagre de bebida forte não beberá; nem beberá alguma beberagem de uvas; nem uvas frescas nem secas comerás."

Palavras hebraicas para "vinho". De um modo geral, há duas palavras traduzidas por "vinho" na Bíblia.

[1] A primeira palavra, a mais comum, é yayin, um termo genérico usado 141 vezes no Antigo Testamento para indicar vários tipos de vinho fermentado ou não-fermentado (ver Neemias, que fala de "todo o vinho [yayin]" = todos os tipos).
- (a) Por um lado, yayin aplica-se a todos os tipos de suco de uva fermentado (Gênesis 9.20,21; 19.32,33; 1 Samuel 25.36,37; Provérbios 23.30,31). Os resultados trágicos de tomar vinho fermentado aparecem em vários trechos do Antigo Testamento, notadamente Provébios 23.29-35.
- (b) Por outro lado, yayin também se usa com referência ao suco doce, não fermentado, da uva. Pode referir-se ao suco fresco da uva espremida. Isaías profetiza: "já o pisador não pisará as uvas [yayin] nos lagares" (Isaías 16.10); semelhantemente, Jeremias diz: "fiz que o vinho [yayin] acabasse nos lagares; já não pisarão uvas com júbilo" (Jeremias 48.33). Jeremias até chama de yayin o suco ainda dentro da uva (Jeremias 40.10,12). Outra evidência que yayin, às vezes, refere-se ao suco não fermentado da uva temos em Lamentações, onde o autor descreve os nenês de colo clamando às mães, pedindo seu alimento normal de "trigo e vinho" (Lamentações 2.12).

O fato do suco de uva não-fermentado poder ser chamado "vinho" tem o respaldo de vários eruditos. A Enciclopédia Judaica (1901) declara: "O vinho fresco antes da fermentação era chamado yayin-mi-gat [vinho de tonel] (Sanh, 70a)". Além disso, a Enciclopédia Judaica (1971) declara que o termo yayin era usado para designar o suco de uva em diferentes etapas, inclusive "o vinho recém-espremido antes da fermentação." O Talmude Babilônico atribui ao rabino Hiyya uma declaração a respeito de "vinho [yayin] do lagar" (Baba Bathra, 97a). E em Halakot Gedalot consta: "Pode-se espremer um cacho de uvas, posto que o suco da uva é considerado vinho [yayin] em conexão com as leis do nazireado" (citado por Louis Ginzberg no Almanaque Judaico Americano, 1923, pp. 408, 409). Para um exame de oinos, o termo equivalente no grego do Novo Testamento, à palavra hebraica yayin, ver os estudos O vinho nos tempos do Novo Testamento (1) e (2), p. 1517 e p. 1573, da Bíblia de Estudo Pentecostal, que se possível também será postado nesse blog.


[2] A outra palavra hebraica traduzida por "vinho" é tirosh, que significa "vinho novo" ou "vinho da vindima". Tirosh ocorre 38 vezes no Antigo Testamento; nunca se refere à bebida fermentada, mas sempre ao produto não-fermentado da videira, tal como o suco ainda no cacho de uvas (Isaías 65.8), ou o suco doce de uvas recém-colhidas (Deuterônomio 11.14; Provérbios 3.10; Joel 2.24).

Brown, Griver, Briggs (Léxico Hebraico-Inglês do Velho Testamento) declaram que tirosh significa "mosto, vinho fresco ou novo". A Enciclopédia Judaica (1901) diz que tirosh inclui todos os tipos de sucos doces e mosto, mas não vinho fermentado". Tirosh tem "bencão nele" (Isaías 65.8); o vinho fermentado, no entanto, "é escarnecedor" (Provérbios 20.1) e causa embriaguez (Provérbios 23.31).


[3] Além dessas duas palavras para "vinho", há outra palavra hebraica que ocorre 23 vezes no Antigo Testamento, e frequentemente no mesmo contexto _ shekar, geralmente traduzida por "bebida forte" (1 Samuel 1.15; Números 6.3). Certos estudiosos dizem que shekar, mais comumente, refere-se a bebida fermentada, talvez feita de suco de palmeira, de romã, de maçã, ou de tâmara.

A Enciclopédia Judaica (1901) sugere que quando yayin se dintigue de shekar, aquele era um tipo de bebida fermentada diluída em água, ao passo que esta não era diluída.

Ocasionalmete, shekar pode referir-se a um suco doce, não fermentado, que satisfaz (Robert P. Teachout: "O Uso de Vinho no Velho Testamento", dissertação de doutorado em Teologia, Seminário Teológico Dallas, 1979).

Shekar relaciona-se com shakar, um verbo hebraico que pode significar "beber à vontade", além de "embriagar". Na maioria dos casos, saiba-se que quando yayin e shekar aparecem juntos, formam uma única figura de linguagem que se refere às bebidas embriagantes.



Nenhum comentário:

Postar um comentário