terça-feira, 16 de março de 2010

Introdução aos profetas menores

Na Bíblia hebraica, os profetas menores constituem um volume só. Seu título é "Os doze". A Septuaginta, o nome que se dá ao Antigo Testamento traduzido para o grego, os intitulou de Dodekapropheton, que significa "Os Doze Profetas". O livro deuterocanônico Eclesiástico (escrito em cerca de 190 a.C, que não consideramos como inspirado, e que a Igreja Católica acrescentou ao cânon em 1548, no Concílio de Trento) traz esta declaração sobre eles: " Quanto aos doze profetas, que seus ossos floresçam no sepulcro, porque eles consolaram Jacó, eles o resgataram na fé e na esperança" (Eclesiástico 49.10). Escrito por Jesus ben Sirac, no segundo século antes de Cristo, este livro mostra que eles eram bastante estimados no judaísmo. Por isso que o citamos como registro histórico, e não, obviamente, como obra inspirada.
As designações Profetas Maiores e Profetas Menores foram cunhadas já no período cristão. Elas surgiram com Agostinho, ao redor de 400 d.C., na sua obra A Cidade de Deus. Eles são chamados de menores não no sentido de seu valor ou da importância do seu conteúdo, mas do tamanho da mensagem. Há uma curiosidade que mostra como o Espírito Santo, autor último do Cânon Sagrado ("Porque a profecia nunca foi produzida por vontade dos homens, mas os homens da parte de Deus falaram movidos pelo Espírito Santo" - Segunda carta de Pedro 1 . 21), agiu de forma profundamente inteligente. É que os nomes dos profetas, dados como títulos dos seus livros, coincidem com a mensagem central que eles pregavam. Há, realmente, uma coincidência muito grande entre o significado dos nomes dos profetas e a mensagem anunciada por eles. Sua mensagem já está, em boa parte, no sentido dos seus nomes.
"Os Doze", com toda probabilidade, foram agrupados por Esdras e a Grande Sinagoga (nome dado a um grupo de 120 doutores da Lei) mais ou menos em 425 a.C., acomodados em um rolo só, de modo a facilitar o manuseio e a leitura. O volume contendo todos os profetas menores se constitui de 67 capítulos e 1.050 versículos. È menor que Isaías, que tem 66 capítulos e 1.202 versículos; que Jeremias, que tem 52 capítulos e 1364 versículos; e que Ezequiel, que tem 48 capítulos e 1.273 versículos. No entanto, fazemos esta advertência, não se deve pensar que a pequena extensão de sua obra possa nos levar a presumir de pouco valor espiritual. Costuma-se dizer que os melhores perfumes vêm em pequenos frascos. Não querendo estabelecer um critério de "melhor" ou "menos melhor" no tocante aos livros da Bíblia, devemos ressaltar que os profetas menores têm muito conteúdo espiritual. Se tivermos sensibilidade e soubermos ouvir o que o Espírito Santo nos ensina através deles, nossa vida será grandemente enriquecida. tenhamos isto em mente ao estudá-los.
Os profetas menores podem ser divididos em três grupos, no tocante ao seu período histórico: 1º) Os profetas de Israel, no 8º século; 2º) Os profetas de Judá, do 9º ao 7º séculos; 3º) Os profetas pós-exílicos de Judá, nos 6º e 5º séculos.
Fonte: "Os profetas menores (II), Miquéias, Naum, Habacuque, Sofonias, Ageu, Zacarias, Malaquias/ Isaltino Gomes Coelho Filho. - Rio de Janeiro: JUERP, 2002-04-25".

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